sábado, 1 de maio de 2010

Ideais Recém-fabricados

Tô cansada.
Ultrapassada.
Meu choro espanta pensamentos.
Meus pensamentos afastam pessoas.
Minha saudade de coisas comuns enche minha boca de bobagens.
Mas esta é o ponto final, a porta trancada e proibida.
O que sinto está preso no que sou.
E o que sou depende do momento, do lugar e da companhia.
É essencial ser superficial.
Foge de mim a autoria do que penso e sinto.
Tudo já foi fabricado, montado, inventado e copiado.
Para ser humano há um padrão; e para não ser, existe um preço.
Uma vida não tem preço...
Por quê? É de graça?
Se pagassem pelo meu silêncio quantificariam meu valor.
Mas sou só silêncio, e eles aplaudem quem grita ideais contemporâneos;
Recém-criados e velhos demais a partir da próxima quinzena.
Eu só sussurro para meus joelhos e me molho com lágrimas de não-sinceridade.
Não grito alto para não assustar.
Eu engulo sapos e outros bichos mais, bem devagar.
Guardo o cansaço junto às decisões que tenho que tomar.
Canso só em pensar o quão ultrapassada sou
E quanta bobagem vai vir e voltar da minha boca
Até eu finalmente decidir parar de pensar.

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