terça-feira, 7 de junho de 2011

Racionalidade


ç- Uma dúvida. Não sai da cabeça.
q- Diz.
ç- Tava lendo um texto, dizia algo sobre quando se vê um garoto sentado no chão... ou pensando ou sonhando, não importa, pois para um garoto os atos de pensar e sonhar são indiferentes. Poderia essa ser uma frase para se refletir, né, interessante, intrigante. Mas vem cá, sério que num é a mesma coisa? Se não, tenho um sério problema de pensamento, acho que só sonho.
q- Mas sonhar é quando se dorme. Pensar é no dia-a-dia.
ç- Mas e quando se diz que alguém sonha acordado?
q- É quando esse pensamento tem conteúdo fantasioso, irreal.
ç- Então quando alguém escreve um romance, um livro de ficção ou algo do tipo, é como se sonhasse e não como se pensasse?
q- Mais ou menos. Deve ser diferente. Sonho é conteúdo fantasioso que vem de maneira natural, involuntária, sem você forçar para que ele se forme. Já livros são projetos criativos que requerem tempo e dedicação, uma construção voluntária de idéias.
ç- M
as e se eu te disser, por exemplo, que penso muito em você, de maneira fantasiosa, só que não é de forma voluntária. Você estaria nos meus sonhos ou nos meus pensamentos?



q- É... não sei te dizer.
ç- Sabe? Não importa. Pensar, sonhar... São só palavras. (beija a mão) Só palavras. Só queria te dizer isso. Não precisa descrever, definir, delimitar, dar sentido ou razão. Não há necessidade de dar nome a tudo. Tem coisa que só não precisa de nome.
(Beijo no rosto. Se levanta.)
q- Achei que te intrigava. Isso.
ç- Intriga.
q- Mas você tem tanta certeza. Disso.
ç- Me intriga só eu ter pensado. Nisso.
(Anda)