A coisa



Quero um amor pagão.

Sem idolatrias, sem Deus-nos-acuda.
Um amor ao Deus-dará.
Sem doutrinas, ladainhas, sermões.
Um amor que foge das palavras e do qual para ele não exista versos.
Indolor, incolor.
Mas então, isso não pode ser amor!?
Eu quero então uma coisa sem nome que seja sentida por uma outra pessoa na mesma intensidade e que nos faça sentir bem coisados.
Quero que essa coisa dure um tempo suficiente grande para não ser marcado por relógios comuns e que não seja nunca escrito em livros e poemas versos sobre tal.
Temo que a coisa que me faz ter esperanças de me sentir coisada por alguém e vice-versa sofra tentativas de interpretação e definição. Se isso acontecer talvez ela tenha o mesmo destino do amor.
Ganhe um nome, um objetivo e depois perca seu significado.


(18 de abril de 2009)