sábado, 1 de maio de 2010

Ideais Recém-fabricados

Tô cansada.
Ultrapassada.
Meu choro espanta pensamentos.
Meus pensamentos afastam pessoas.
Minha saudade de coisas comuns enche minha boca de bobagens.
Mas esta é o ponto final, a porta trancada e proibida.
O que sinto está preso no que sou.
E o que sou depende do momento, do lugar e da companhia.
É essencial ser superficial.
Foge de mim a autoria do que penso e sinto.
Tudo já foi fabricado, montado, inventado e copiado.
Para ser humano há um padrão; e para não ser, existe um preço.
Uma vida não tem preço...
Por quê? É de graça?
Se pagassem pelo meu silêncio quantificariam meu valor.
Mas sou só silêncio, e eles aplaudem quem grita ideais contemporâneos;
Recém-criados e velhos demais a partir da próxima quinzena.
Eu só sussurro para meus joelhos e me molho com lágrimas de não-sinceridade.
Não grito alto para não assustar.
Eu engulo sapos e outros bichos mais, bem devagar.
Guardo o cansaço junto às decisões que tenho que tomar.
Canso só em pensar o quão ultrapassada sou
E quanta bobagem vai vir e voltar da minha boca
Até eu finalmente decidir parar de pensar.
Ela está pronta.
Pra curar a Humanidade.
Acha medíocre essa vontade
de ser infeliz quando se pode.

Ela sabe que a dor é uma sensação fisiológica.
E acha normal uma humana como ela sentí-la de vez em quando.
Quando toma um comprimido curativo,
acha bonita essa tal farmacologia,
e sente mais vontade de desmistificá-la.
Pra curar a Humanidade.

Não é grande coisa revoltar-se contra o mundo
quando já venceu a si mesma.
Era um terço de um alguém que agora resolveu ser unidade.
Ela agora vai ser só ela,
só,
vai ser inteira,
por um por enquanto indeterminado.
Pra curar a Humanidade.

Os excessos ela deixa guardados,
por segundos ou pela vida inteira.

Não gosta de quem a põe no coração,

E não acha dramático dizer que nele só existe sangue.
Não, essa é a verdade!
E ela gosta dessa verdade, a acha fascinante.

Quando alguém um dia lhe disser "te tenho no hipotálamo"
Ela vai se deixar apaixonar de novo.

Pra curar a humanidade.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Faltou o ar

Esperando em você
Pensando você

Pensando, você...
esperando o quê?
Falta ar enquanto penso
De respirar, nem lembro.
Mais uma insuficiência cardíaca que virou edema pulmonar.

Mais um quase-amor que foi perdido antes de começar
Antes do pedido.
Nem era mesmo necessário, o pedido.

Era só a presença, do lado, no sonho.
A voz de riso
A dúvida do toque
O susto do toque
O nervosismo do toque
A felicidade do toque
A saudade do toque

Era viver os dias juntando assuntos para conversas
Ir ao médico e catar um roteiro interessante (ou não)
Depois reproduzir os detalhes ao telefone
Querendo viver por dois
Por um.

Quando ouvi
Cheirei
Toquei
Vi e
Senti o gosto do Não,
Dormi e sonhei com o Sim.
Acordei no pesadelo de sentir amor com os cinco sentidos.

Queria tudo de novo.
Eu faço o certo,
Depois sinto que errei.

Quero errar, ganhar em parte.
Amar é uma arte, na qual não fui Dalí.

De volta:

O Revolta Involuntária ressuscitou no 42° dia
E a revoltosa decidiu mostrar a cara.


As caras...